segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Uma Ferrari brasileira...

Senhores, sabemos que havia várias Ferrari neste país. Mas, dentre tantos modelos que vieram novos para cá até o começo da década de 60, muitas desapareceram ou foram exportadas. As perguntas são: Aonde foi parar esta quantidade toda de Ferrari? Quantas Ferrari ainda estão neste país desde nova? Eu só tenho conhecimento de apenas três modelos: uma está em uma coleção mineira, a outra é uma Daytona e por fim uma 225 amarela que está em Amparo, interior de SP (veja uma igual, mas na cor vermelha, nos links abaixo). E o restante? Ficam algumas fotos como registro: A primeira, uma Testarossa (com placas antigas de SP!) que estava à venda em uma loja de automóveis esportivos na capital paulista (fonte: 4 rodas de época), enquanto as fotos seguintes são de modelos que participaram de corridas no Rio de Janeiro na década de 1950.





Há, de nosso conhecimento, um automóvel tipo 225 Vignale que fora exportado há pouco mais de duas décadas para o exterior (a história pode ser lida aqui:http://antigosverdeamarelo.blogspot.com.br/2011/03/ferrari-225-s-1952-no-0198et.html e aqui http://antigosverdeamarelo.blogspot.com.br/2011/03/ferrari-225-s-vignale-spyder-1952-no.html). Aguardo opiniões. 

3 comentários:

  1. João,

    Desde logo é perceptível que suas pesquisas são de profundidade ímpar acerca do antigomobilismo nacional, e que talvez não convenha debruçar-se sobre coisa que não fato sacramentado, mas falando de Ferrari nacionais, me veio à cabeça história que há algum tempo me foi contada por um simpático médico. Sujeito bacana, também professor e colecionador curitibano, a quem conheci em dessas muitas conversas de chão de oficina.
    Me disse ele, que já somava então certamente mais de seis décadas no RG, que enquanto viveu no interior paranaense teve contato com um fazendeiro que, refere-se, tinha "uma Ferrari charutinho", daquelas "de pista", e que o tal sujeito fora competidor pagante em algum momento da vida.
    Este sujeito, dono da Ferrari, era agora um interiorano e havia levado o carro consigo para a propriedade onde decidiu terminar a vida. Manteve-a, por muitos anos, guardada em um galpão. A tinha lá, como um enfeite, uma lembrança de outros tempos e um atestado para a prole que o seguiu do passado de seu patriarca.
    Ocorre que este sujeito, conforme o tempo passou, tornara-se avô, e dentre os filhos de seus filhos veio a nascer uma garota especial, que não falava, e a quem os médicos creditaram parcos anos de vida, sempre naquela miserabilidade claustrófoba de criança que não teve a sorte de nascer saudável.
    Ocorre que essa menina superou um tanto as expectativas, cresceu até além dos dez anos de idade, porém tinha ciência a família que era apenas um postergar, que o destino não seria tão gracioso para com ela.
    Nos anos em que viveu na companhia frequente do avô, naquela fazenda, a menina desenvolveu um fascínio especial pela tal Ferrari. Era sua válvula de escape, seu esconderijo, passava lá por vezes uma tarde inteira, sentada no banco, acariciando aqueles acabamentos espartanos, fascinada mesmo que diante da pouca vivência que teve. O avô, sensibilizado, dizia ser só ternura a ver a pobre netinha com aquele único regalo que a vida lhe concedeu.
    Chegou então o fatídico dia, a saúde de uma vez deixou a menina, que decaiu e foi-se ao mundo dos eternos. Por óbvio que, mesmo sendo coisa anunciada desde muito cedo e sobre a qual nunca se fez maiores expectativas, a morte de um ente querido nunca vem de forma suave, especialmente quando criança, e todos puseram-se em luto.
    Nisto o velho senhor médico me contou, que dali poucos dias, a Ferrari havia sumido do celeiro. Não se teve mais notícia e nem mesmo se perguntou, pois era elemento sensível demais ao toque do assunto diante da recente perda. E o carro ficou no esquecimento por certo tempo.
    Anos depois, criada a coragem e passada a turbulência da perda, resolveu questionar o paradeiro do carro.
    "Enterrei", disse o velho senhor, "foi concretada no chão, perto de onde minha neta foi enterrada".
    Como o último presente, como a última doação que se faça a quem se ama, o velho senhor entregou aquela peça de seu passado, pela qual tanto carinho tinha, ao eterno descanso de sua neta, a quem tanto amou.
    Foi o fim da Ferrari, e sabe-se lá se reside até hoje na sua própria tumba de concreto.
    Histórias que o povo conta, e que não posso confirmar, mas que certamente poderia até render um bom roteiro.
    Abraço.

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    1. Que história mais triste!!! infelizmente, não é a única que se escuta. sds.

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  2. no Ville de France Collection tem uma Barcheta de corrida que foi do arquiteto Sergio Bernardes, foi exposta em Araxá sem o motor.

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