
O Fiat tipo 522 (em foto de José Roberto Nasser): A grade de Alfa Romeo foi adaptada no final da década de 1930, e está assim até os dias de hoje. Muitos ainda crêem que este carro pertenceu a Hele Nice ou inventam história de que tem chassis Studebaker. O carro é 100% Fiat em toda parte mecânica e estrutural. A carroceria foi feita a mão por Vittorio Rosa em 1929, em cima de um chassis de Fiat 0km.
Não entenderam? Farei explicações pontuais sobre o tema:
1-O carro vermelho que está no museu do Roberto Lee é o Fiat tipo 522 com frente de Alfa Romeo que aparece fazendo uma curva em alta velocidade na imagem ao topo (terceira foto da esquerda para direita) - em uma p&b foto abaixo, ele aparece ao lado de Vittorio Rosa, mas sem a frente de Alfa Romeo adaptada;
2-Este Fiat que está no Museu Roberto Lee é um carro histórico, pois foi o automóvel em que Chico Landi ganhou seu primeiro GP;
3-Este Fiat foi encontrado em um posto em Minas Gerais, e se pensava ser uma Alfa Romeo;
4-Em 1966, há uma extensa matéria na "4 Rodas" na qual Roberto Lee conta ter duas Alfas no museu - uma tipo RL Coloniale e outra de corrida, para a qual não cita nada sobre a Hele Nice;
5-O DST de SP, em 1967, doa ao Lee apenas os restos do carro da Hele Nice - esses restos seriam correspondentes apenas à carroceria destruída da Alfa Romeo azul. A partir de então, Lee começa a atribuir ao Fiat vermelho o fato de ser o carro da Hele Nice;
6-Após o acidente, a equipe da Hele Nice reaproveitou o motor, o chassis, os freios, o diferencial e o câmbio do carro, enquanto a carroceria ficou com com o Detran de SP. Essas peças mecânicas e o chassis da Alfa Romeo da Hele Nice foram reconstruídos com outra carroceria. Já com a nova carroceria, a Alfa aparece na imagem ao topo - vemos-a na quarta foto, localizada à extrema direita na imagem;
7-O carro da Hele Nice ficou dividido em dois: A parte mecânica/chassis (reaproveitados em outra Alfa Romeo de corrida) e carroceria (doada ao Roberto Lee);
8-Os restos da carroceria receberam de Lee um novo chassis (provável de um Studebaker) e, ainda na cor azul, ficaram no galpão da capela, enquanto o Fiat tipo 522 vermelho ficava dentro do museu se passando pelo carro da Hele Nice;
9-Enquanto a Alfa Romeo (com motor, chassis, câmbio e diferencial que pertenceram ao carro original da Hele Nice) foi vendida para Europa, sua carroceria azul (original do carro e que ficou destruída, foi apreendida pelo Detran e doada ao Lee) mofava no galpão da Capela até que alguém a roubou e hoje diz ser uma Bugatti;
10-Por fim, o verdadeiro carro da Hele Nice e o Fiat do museu de Roberto Lee disputaram a mesma corrida em 1939!
11-Detalhe visual importante: O Fiat 522 tem saída de escapamento à direita do motorista, enquanto a Alfa Romeo tem saída à esquerda do motorista. A Alfa Romeo tem capô mais alto e carroceria mais larga que o Fiat. Devido à semelhança física do monoposto e ao fato de Lee pensar (com razão) que o carro encontrado em um Posto de Minas Gerais ser uma Alfa Romeo, ele inventou esta história e todos acreditamos. Pegadinha do Lee!!!
João sempre escutei uma história de que a Alfa estava no pátio do Detran,mas a carta diz desde 1936!!!!!Foi depois desse acidente:''Em 1937 Ela Estava em São Paulo para uma prova num circuito montado no Jardim América.
ResponderExcluirNessa corrida, Hellé Nice sofreu um grave acidente ao disputar posição com Manuel de Teffé. Seu carro bateu provavelmente em algum bloco de feno, perdeu o controle e foi catapultado em direção ao público. Quatro espectadores morreram e mais de 30 ficaram feridos. Nice voou do carro e caiu em cima de um soldado, que também foi desta para a melhor, mas amorteceu a queda da deusa.Depois de três dias em coma, dada como morta, a francesa começou a acordar e se recuperou.Virou heroína no Brasil,e logo depois retornou a Europa.
Talvez tenha havido confusão quanto ao ano mas com certeza o serviço de trânsito da época recolheu o carro e o mesmo ficou por 30 anos!!!!Devia estar em estado de sucata quando foi doado,atestado pela palavra ''o que restou'' de RL.
Vc tem mais alguma informação sobre a estada no D.S.T??
Abraços Erick - Rio de Janeiro
Tem coisa aí:Na carta do RL fala de um carro,mas tem a lenda da Alfa do posto de gasolina em MG,que com certeza é de outro carro.....Extraído do Blog do Flávio Gomes:''Para os que acham que aquele escombro de Caçapava é o carro de mademoiselle lamento informar que o carro de mademoiselle está muito bem na Alemanha restaurado como versão Stradalle e pertence a Herr Hartmut Ibing.
ResponderExcluirFoi levado pelo inefável Colin Crabbe comprado no Brasil, pelo menos foi o que ele alegou lá na Europa, o Colin levou praticamente todas as Ferraris e Maseratis que corriam aqui como Mecânica Continental.
O carro do museu nunca teve motor Alfa Romeo, pelo que lembro é um Buick, tem câmbio desconhecido e eixo traseiro de carroça de um Studbaker.
Foi emprestado ao museu pelo Dr. Paulo Pestana diretor de detran de São Paulo, pois tinha sido apreendido vindo da Argentina via Uruguai e andava na rua nos anos 60 sem documentos. Legalmente, o carro sempre pertenceu ao Governo do Estado de São Paulo que nunca soube disso e não cuidou.
Alguns ainda falam que esse carro do museu é uma P3, a Globo acaba de veicular uma reportagem no Esporte Espetacular insinuando isso e com o Galvão Bueno narrando, uma enorme barriga. O carro do museu é uma colcha de retalhos, algumas partes da carroceria podem ser de alguma Alfa, o chassis merece uma investigação, pode vir alguma coisa interessante. Confundir essa colcha de retalhos com uma P3 é coisa de maluco ou mal intencionado, as P3 tem dois eixos cardans, um para cada roda saindo do câmbio direto para as rodas traseiras, isso para abaixar o piloto, uma P3 é um carro inconfundível.
Mademoiselle pilotava uma Monza, bem mais humilde que uma P3, e que pertencia ao franco argelino Marcel Leroux, irmão do piloto de GPs Gaston Leroux.
Quanto à história do posto de gasolina para mim é lenda urbana, pode até ser verdadeira, mas fizeram uma mixagem, ela pode se referir ao carro que está na Alemanha restaurado, completo e legitimado por especialistas, o carro do museu veio da Argentina nos anos 60, eu o vi no páteo do detran depois de apreendido, jamais poderia ter corrido na Gavea nos anos 30 e de Alfa Romeo deve ter a água do radiador e um distintivo, provavelmente de algum Jk desavisado'' Abraços - Erick - Rio de Janeiro
Erick, você não entendeu: Na primeira foto da postagem, estão 4 carros que participaram de uma corrida em 1939. Os dois à direita são, respectivamente: O Fiat que hoje está no Museu do Roberto Lee e a Alfa Romeo da Hele Nice. Ou seja: O carro do museu é um Fiat e o carro da Hele Nice nunca foi aquele vermelho do museu, que é um Fiat. Lee recebeu, sim, o carro da Hele Nice, mas apenas os restos da carroceria. Inventou a história de que o Fiat seria a Alfa P3, mas nunca foi. O bloco do motor, rodas, freios, câmbio, diferencial e compressor do carro da Hele Nice foram doados e, com outra carroceria, disputou esta corrida da foto. Hoje, este carro está na Europa, enquanto os restos da Alfa azul da Hele Nice (a carroceria destruída sem o chassis) foi para o pátio do DST de SP, que depois doou estes restos ao Lee. Esta carroceria ganhou um chassis novo e um começo de restauração, até que o Lee morreu e o projeto ficou abandonado. Naquela onda de sumiço de carros, quem levou pensa que levou um Bugatti, quando na verdade levou apenas a carroceria remendada do carro da Hele Nice. O chassis, motor e essas outras peças foram vendidos na forma que aparece nesta foto, já com outra carroceria, e nunca passaram pelas mãos do Lee. O que o Lee tem é este Fiat com frente de Alfa Romeu (encontrado no posto de gasolina em MG) e a carroceria do carro da Hele Nice (foi roubada do galpão da capela). O Fiat é carro histórico: Foi fabricado pelo italiano Vittorio Rosa e foi o carro da primeira vitória da carreira do Chico Landi.
ExcluirAgora sim compreendi a história!!!!São muito mitos e ''causos'' sobre esses carros....Valeu João e desculpe se eu embaralhei o blog.Forte abraço Erick - Rio de Janeiro
ExcluirErick, continue postando. É de nossa obrigação o esclarecimento de um post tão complexo quanto este. sds.
ExcluirJoão,obrigado pelos esclarecimentos,com certeza a minha dúvida era tmb a de outros amigos antigomobilistas.....Forte abraço e mais uma vez parabéns pelos posts e pela ''coragem'' em remexer nisso tudo!!!!Abraços Erick - Rio de Janeiro
ResponderExcluiro tio, bom dia. a Carroceria azul "roubada" que o atual possuidor diz ser Bugatti... se for a mesma carroceria que estou pensando, um "dono anterior" dessa Bugatti jura de pé junto que esse carro foi dele nos anos 70, que ele vendeu e nunca recebeu pelo carro, que o chassi e a mecânica foi parar no Chile (ou algum país vizinho) e que ele iria fazer de tudo para ter pelo menos a carroceria de volta!! Mas... tudo isso é tempero para apimentar mais um pouquinho essas míticas histórias).
ResponderExcluirSonga, depois desta postagem, 03 pessoas diferentes já me mandaram a foto desta "Bugatti", e 02 delas me confirmaram terem visto este carro em Caçapava!! O que ninguém sabe é que tem foto só desta carroceria toda distorcida nos arquivos do Museu...Deve haver alguma verdade nisso... uauhahuauha
ExcluirEsse carro que vc fala é um que o Avólho me falo q é 1 bugatti!!! eu disse pra ele q era alfa romeo e q tinha visto esse carro no museu do lee por isso ele ficou com o olho esbugalhado!!! ele tem outros carros do roberto lee como um turcat mary que era só um chassis!!!!! Diniz
ExcluirGostei muito do texto, excelente, extramemente esclarecedor, eubora eu já tivesse ouvido tudo isso. Carroceria azul....................... faz muito sentido, azul é a cor dos carros de corrida franceses, Helle NIce era francesa e estaria correndo num carro azul e não em um vermelho, cor dos carros de corrida italianos. Até os anos 60, esse esquema de cores (quando os carros ingleses usavam o BRG e os alemães o prateado) era quase rigidamente obedecido. Foi quebrado pela propaganda, se não estou errado quando a JPS patrocinou a Lotus. A Ferrari, por sua vez, nunca admitiu trocar a cor de seus carros.
ResponderExcluirExatamente! Os jornais de época falaram que a "Alfa Romeo AZUL fora tocada e capotou duas vezes, arremessando Hele Nice contra um guarda...". sds.
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