quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Roberto Lee: 1940 Fiat 2800 Touring

Uma curiosidade: O acervo do Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas nem sempre valorizou o que haveria de ser valorizado. Carros como a Alfa Romeo RL Coloniale Torpedo de 1923 ou o Tucker Torpedo de 1948 jamais foram os pontos altos da coleção, enquanto Roberto Lee vivia. Doravante a Alfa ficava sob a sombra de carros como alguns Packards comuns (exemplo: One-Twenty Cabriolet de 1939, o qual tem valor histórico apenas por transportar a Rainha da Inglaterra), outros faziam companhia ao Tucker em um galpão onde outros automóveis também aguardavam suas restaurações. Mais sorte teve o Tucker, que fora motivo de interesse internacional, abrindo os olhos de Roberto Lee, que o colocara a partir de 1974 em um cantinho do museu, no qual permaneceria por mais de quase 4 décadas. Outros não tiveram tanta sorte, para a lamúria dos arqueólogos da ferrugem: Um Fiat de carroceria especial, feita em apenas 03 unidades, no ano de 1940. Era um modelo 2800 de 6 cilindros em linha, construído com carroceria de alumínio pela Touring Superleggera, de Milão, Itália. Ao decorrer dos anos, o automóvel fora se degradando, até que teve sua carroceria inteira roubada por vândalos bandidos, os quais destruíram também grande parte da estrutura desta peça raríssima.
Ao lado da Fiat, nos depósitos de Roberto Lee, havia uma raríssima peça: Um Delahaye Coupe Des Alpes ano 1935, o qual está jogado em uma fazenda dos Matarazzo Lee desde quando fora retirado do Museu, em 2003 (créditos da foto a João Pedro Gazineu). Para nossa tristeza, duas peças raríssimas sem o devido valor reconhecido naquela época. Creio que a visão de Roberto Lee em ter resgatado essas duas peças foi louvável, mas na valorização internacional tanto Alfa Romeo, Fiat grande e Delahaye ainda não haviam atingindo valores altíssimos - ressalvo que nem mesmo a MB 500K e sua raríssima carroceria Cabriolet "A" Spezial (hoje a peça mais valiosa que já passou no acervo) tinha tanto valor quanto o Hispano Suiza e Rolls Royce Silver Wraith Cabriolet 1952, que hoje sabemos que não são carros tão caros quanto a Alfa RL Cololiane 1923, o Fiat 2800, o Delahaye e o MB 500K. Talvez, quem sabe, em um futuro próximo o Singer não seja um carro mais valioso do que um Packard 120? Só o tempo dirá...


Logo acima vemos um exemplar sobrevivem: Fora leiloado em 1988 pela cifras de 100 mil libras, o que seria equivalente a meio milhão de dólares atuais - na correção monetária, pois este automóvel, dada sua raridade, hodiernamente por menos de 1 milhão de dolares dono nenhum o venderia!



Acima, outro exemplar: Dizem as boas línguas que foi o último automóvel comprado pelo ditador Benito Mussolini - curiosamente, o italiano fora capturado em outro automóvel de carrozzeria Touring, mas naquela vez ele estava em uma Alfa Romeo ano 1939, presente dado por ele à sua amante.

4 comentários:

  1. João Bom Dia.Sempre tive curiosidade acerca deste Fiat,e vc vem nos brindando com essa história.....Infelizmente nos anos 50,60 e 70 esses carro mais antigos anos 20 a 40 não tinham valor aqui no Brasil,ainda mais os exóticos,que em pouco tempo viravam Ferro velho,por falta de peças e conhecimento,alguns poucos se salvaram,caso dos carros do Sr. Lee e mesmo assim sem o devido reconhecimento na época...O povão gostava mesmo era dos Chevrolet e Ford...Lembro do Meu Avô comprando um Steyer anos 30 e um Armstrong Siddeley,que foram vendidos para sucata pois não achava peças em lugar nenhum e já não eram carros muito íntegros....Imagina manter um carros desses,de baixíssima produção,órfão já a muito tempo,''velhos'' e que valiam menos que uma galinha com pintinhos nos anos 60 e 70.Entendo a mentalidade da época...Seria mais ou menos como hoje quando vemos uma Brasília,Fiat 147,Del Rey,Corcel,Chevette e outros,em estado precário e dependendo do caso não vale a pena restaurar,sendo melhor desmanchar e aproveitar o que ainda serve para outros carros(guardando as devidas proporções de carros e época)futuras gerações de antigomobilistas vão pensar:porque eles deixaram isso acontecer???..Abraços do amigo Erick

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    1. Vejo que a produção de 1980 para cá foi muito grande. Talvez alguns carros mais apimentados realmente se tornem clássicos (Marea Turbo com teto de fábrica, Audi A3 1.8T 180cv e Golf GTI), pois as poucas unidades já perderam suas rodas, seus sons, motores e seus bancos originais, em troca de itens mais agressivos que os "manos" curtem.

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  2. O presente repetindo o passado,já dizia o meste Cazuza!!!!!Erick

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