sábado, 15 de fevereiro de 2014

Institucional 02: A restauração e suas razões

Continuando nosso institucional sobre a compra de um automóvel antigo, agora vamos focar mais na restauração. Anteriormente, comentamos sobre a escolha do modelo e sobre a melhor opção de compra na hora de restaurarmos um antigo. Porém, deixei alguns temas à deriva: Carros raros transformados em hot, carros íntegros e muito originais sendo transformados em hot e alguns pontos quanto à restauração. Agora iremos dar ênfase a estes pontos. 

Primeiramente, ainda sobre a escolha do modelo na hora de se importar um automóvel antigo, gostaria de tecer um diminuto comentário: Há muitos automóveis diferentes e belos nos EUA que têm seus preços entre 10 a 25 mil dolares. Nesta lista, eu incluo: Packard Clipper Victoria 1948 e conversível de marcas descontinuadas (Studebaker Champion 1950, Nash 1948, dentre outros), até sedãs da Cadillac da década de 1940 e 1950. Fica a dica!

Certa vez, conheci um Pontiac Silverstreak de 1947, sedanete, original, em ótimo estado - nunca havia sofrido uma restauração. Pintado em dois tons (branco e cinza), era um automóvel que só precisava de um tapa para ficar perfeito. Um amigo blogueiro (o mais famoso, talvez) indicou-me um link onde este mesmo Pontiac aparecia após uma restauração. Fiquei triste: Ele havia se transformado em um hot rod azul metálico! Por mais bem feita que uma restauração de hot rod seja, alguns pontos sempre ficam em ponderação. 
E o ponderável surge neste Pontiac em algumas situações: A primeira é que o valor dele caiu muito, pois bastava um simples "banho cosmético" para ele ficar ainda mais bonito, mantendo toda sua originalidade que é um ponto muito difícil de se achar hoje em dia (automóvel legitimamente original, sem restauração); Segunda pauta é pela construção do hot rod, a qual, sucintamente dita por ora, fica pelo acerto do automóvel necessitar muito mais do que rodas, motorzão e interior com bancos individuais (em linhas a seguir uma dissertação mais completa sobre esta questão do acerto de um hot). 

A exemplo do automóvel todo original, há casos de automóveis raríssimos que estão em estado de sucata, mas que jamais se perderão por isto. Já vi histórias de Jaguar E-Type (de BH), Maybach Zeppelin (já falei dele AQUI e AQUI) e outras peças raras serem totalmente recuperadas em suas formas originais - doravante, obtêm-se maiores valores comerciais em relação ao dinheiro investido na restauração, além de preservar a história destes automóveis únicos. Tenho um exemplo na ponta da língua: Um Steyr, possivelmente tipo 220 do final da década de 1930. Este automóvel austríaco é raríssimo em qualquer lugar do mundo - especialmente o tipo 220 em configuração cabriolet. Vemos que o modelo em questão teve boa parte traseira de sua carroceria refeita sem muita pesquisa quanto à originalidade, o que, ainda assim, desvalorizou mais ainda o modelo. Afirmo para enaltecer que todo o restante do carro se parece bem original. Pois bem: Se um Maybach de apenas chassis, motor, painel, faróis e grade foi recuperado, por que não um Steyr quase completo não teria a mesma sorte? Soube pelo Hemmings que apenas seis modelos 220 Roadster foram produzidos, e que um está sumido. Será que foi encontrado no Brasil, agora como um hot rod? Um automóvel como este é um belo exemplo de que se deve, a toda custa, restaurar-se na forma mais original possível. Além de preservar a história, terá um valor investido que realmente será compensado caso haja necessidade de venda. 


Como citei acima enquanto falava do Pontiac, há no Brasil vários Hots feitos sem muita alteração mecânica e estrutural: apenas trocam rodas, bancos e rebaixam a suspensão (às vezes trocam por Opala e Galaxie), o que não dará um bom comportamento dinâmico ao conjunto por conta da dirigibilidade não ser auferida em relação ao antigo e pesado chassis com relação à caixa de direção e sua comunicação com a mão do motorista e o asfalto. No caso de automóveis da década de 1930 e 40, é muito mais viável a compra de um exemplar que apresente boa lata, mas que esteja desfalcado de peças que, necessariamente, serão substituídas (painéis, bancos, frisos, calotas, mecânica e outros componentes que são modernizados com um hot). 

Com isto, temos duas situações: O automóvel original não será desfeito e o gasto na restauração será menor, haja vista a compra de um exemplar a restaurar exigindo um investimento financeiro menor do que se comprar um automóvel original e completo. O Hot Rod é um automóvel de estrada, obrigando um acerto ímpar no quesito dirigibilidade. Poucos Hots brasileiros conseguem um acerto e uma qualidade de construção tão bons como os americanos fazem - ok: vem à baila o argumento de que os americanos têm anos de experiência na construção de Hots, o que é irrefutável. Não obstante, hoje temos oficinas especializadas e muitas peças modernas à disposição (especialmente de carros americanos importados nos anos noventa, como a Cherokee, T-Bird, Mustang, Ranger, etc...). 

Como no exemplo do Pontiac, que estava à venda por cerca de 45 mil reais há uns 5 anos atrás, seria muito mais conveniente se gastar 20 mil reais na compra de um bom Fleetline da Chevrolet para restaurar. Além de se pouparem 25 mil reais para mais peças, poupariam um Pontiac inteiro de ter um fim tão pusilânime em relação às suas boas originalidade e integridade. No final das contas, para um acerto bom de chassis, suspensão e mecânica, visando à dirigibilidade do hot, são necessárias construções que se sairão melhor com um automóvel todo a restaurar, pois o custo da compra será menor e o investimento na parte estrutural terá mais verba disponível. 

Destarte conhecimentos adquiridos, seja o fiel da balança contigo mesmo e pondere suas emoções em acordo com suas intenções. Se estás imbuído em restaurar um antigo automóvel da família, mesmo que seja um simples VW, faça para satisfazer seus desígnios. Porém, não reclame com a conta no final da história. Se acha plausível a compra de um modelo similar pronto e com placa preta, às vezes o valor sai pela metade da restauração daquele que está encostado em tua garagem, o que pode te deixar com dois automóveis ao invés de um. Aquilo que te dá boas lembranças pode te dar prejuízo material, quando uma restauração sem conhecimento acaba por deixar danos irreparáveis ao carro, enquanto uma restauração de alto nível pode ter custos muito elevados. 
Então, ponderes muito antes de agir com a emoção. Jamais estarás errado: Apenas poderás escolher aquilo que é melhor ou pior para ti no futuro. Toda e qualquer restauração é bem vinda, mas sempre procure por um especialista que realmente entenda de automóveis antigos. A dica é esta: um trabalho medíocre dará retrabalho, enquanto um bom trabalho exige muito tempo e dinheiro. Por isto sempre é bom colocar tudo na balança antes de tomar qualquer atitude quanto ao antiguinho que está guardado à espera de uma restauração. Pesquise: O Google é uma ótima ferramenta. Após chegar ao resultado da pesquisa (ano, tipo, modelo, carroceria, custo e mercado de carros prontos), escolha a melhor opção. 


2 comentários:

  1. Puxa vida, me lembro desse Auburn a venda, por 50 mil reais. Uma baita oportunidade. No mais, excelente post, como sempre.

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  2. Bom dia amigo, excelente post mesmo. Estou entrando conhecendo agora esses sistema de carros antigos, e estou tentando fazer esse balanço entre comprar um veículo pronto ou comprar um para restaurar. No meu caso, como iniciante, fica a dúvida, até que ponto vale a pena comprar um ou outro. No momento tendo a comprar para restaurar, pois o meu poder aquisitivo me permite comprar-lo, e restaurando aos poucos, acho que consigo chegar no resultado final. O problema é que nunca sabemos exatamente o que gastaremos para restaurá-lo. Se eventualmente tiver alguma dica adicional, agradeceria.

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